terça-feira, 28 de abril de 2009



vou fechar os olhos e viajar, sem sair do lugar...
vou pegar no meu Unicórnio
e voar sem destino, voar para longe, muito longe...
eu e ele, os dois a caminho do horizonte...
não vamos deixar rasto, apagaremos as marcas
escritas nas linhas sagradas...
sei que não me vai deixar cair,
sei que nas suas asas posso ser apenas eu, e ir...
sei que me vai fazer bem...vou poder sorrir...
vou-lhe segredar ao ouvido, vou-lhe mostrar
o espinho que trago no peito cravado,
vou-lhe confiar a minha fantasia,
ao meu ser alado...ao meu segredo lacrado....
irei passear pelas nuvens e tocar o vento,
deixar que me leve no pensamento...sem sair do lugar,
sem perder a alegria de na "vida" poder tocar...
confidenciou-me que sentirei a espuma do mar
com a minha mão...não será mais uma ilusão
como tantas outras,como as histórias ocas
que a vida me conta,as que me iludem o coração...
vou pegar no meu unicórnio e fugir,
sem culpas por não ficar, sem receios de partir,
vai-me tirar este doer,este triste sofrer,
dar os tons dourados que me conferem o brilho,
devolver o meu amado sorriso
preso na minha caixinha de Pandora,
na qual me encontro presa agora...
Unicórnio,leva-me daqui....mostra-me as artes
e mestrias que tens meu arlequim...
deixa-me acreditar em ti....
faz luz na minha escuridão...
limpa-me o coração....

terça-feira, 21 de abril de 2009


uma gota de chuva caía...
um sorriso nascia, próprio de criança,
que divertida à chuva dançava,
nada mais importava ou o momento estragava,
perdida na sua meninice, na sua lembrança...
tirava sapatos e meias para chapinhar
enquanto ouvia a chuva que molhava a sua rua...
mais uma gotinha que do céu descia...
recordava-se dos tempos em que fugia
para contemplar pura e terna magia,
onde guardava segredos em forma de história
que retirava da sua memória
e oferecia à sua utopia...
erguia a cabeça para poder sentir
aquelas gotinhas de chuva a fluir,
enchia o coração de musicas ouvidas
com o cair das pérolas perdidas,
cantava sem voz na garganta,
ria sem perder a esperança,
agradecia cada pedacinho de vida,
era ela e a chuva, que sintonia...
menina que ao seu deleite se entregava,
mais pura que a propria àgua,
descalça e encharcada,
menina que virara mulher...
a mesma que ainda num beco ou esquina qualquer
ainda contidamente se inebria,
que apesar da idade ainda à chuva dança...
ainda é a menina perdida entre
o chão molhado,refrão decorado e coração apertado,
que apesar de crescida não perdera
a magia ou o seu encanto,
deixando-se envolver pelo sublime manto,
o da chuva que cai em cada canto...
lembra os tempos ingénuos...
perdidos porém eternos...

quinta-feira, 16 de abril de 2009


fragmentos....

pensamentos que se vão revelando

sentimentos que se vão amontoando

no baú do meu ser crú...

pedaços...

de uma existência entre a escolha

do lado para onde me debruçar...

de uma carência própria de

uma história ainda por terminar...

espinhos na minha rosa de prata

encobertos por um sorriso que mata,

ditaduras diluidas em poções,

amarguras disfarçadas em corações,

duvidas criadas entre tantas divisões,

um mar de lágrimas para me afogar...

tristezas...

tantas quantas as minhas nobrezas...

mais duras que as minhas fortalezas...

mudanças...

de carácter, de maneira de ser...

o que abomino agora pareço dominar,

o que determino a bom porto não quer chegar,

o fio da navalha mostra-se brilhante...

a sua ponta despe-me de sentido...

lembra-me um passado sofrido...


sábado, 11 de abril de 2009


sentada na areia pura e macia

contemplo o mar que me delicia...

a magia da espuma que se forma

a cada enrolar das ondas,

a brisa que com suavidade me brinda,

trazem-me à memória pensamentos de menina....

em como tudo tinha um novo sabor

em como a descoberta de cada nova cor

povoam os recantos do meu ser sonhador...

assim como as ondas vão rebentando na praia

os anos vão passando na minha existência,

e tal como começam grandes e majestosas e

se perdem na areia sem sal,

também a minha alma se vai cansando

e largando o entusiamo, ficando banal...

sentada na areia pura e macia,

penso que no fiz e deixei de fazer,

nos erros que cometi e nos que vou cometer,

no que ganhei, no que me moldei...

uma conclusão tenho na mão...

o tempo não volta atrás...




domingo, 5 de abril de 2009


linhas, porquê?porque não me respondem?

tantas vezes hoje vos preenchi,

vezes sem conta me excedi,

mais ainda vos apaguei,

tantas, tantas que já nem sei...

de poeta nada tenho nem nunca terei,

faltam-me as entrelinhas, as curvas e quiçá as duvidas,

sinto-me cansada, sem brilho como vós,

que me entorpecem os sonhos e me calam a voz....

deverei eu parar de pôr palavras em telas brancas e virgens?

manchá-las de notas sem conteudo?

tudo me parece mudo....

no meu íntimo grito que não,

mas quem manda é a minha mão....

um dia voltarei quem sabe,

em busca da minha e tua verdade,

em telhados de belos cardos,

onde eu e tu, belos gatos pardos,

se voltarão a encontrar... na escrita..no sonhar....

até lá, letras minhas, minhas permanecerão,

em cofres permanecerão, tesouros meus guardarão

até ao dia em que de mim voarão....

novamente...livremente...

até lá, vos adoro minha gente..