quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

miau...



um cheiro a framboesa que inebria....


um sentir de pura alegria....


um azul que se perde de vista....


um misto de fantasia....


um caminhar na sinfonia....


um alargar de harmonia....


um milésimo de segundo, valioso,


dado com estima, com um tom próprio...


algo se instala, algo se inala,


larga o seu perfume e arde no lume...


vem de mansinho, com jeitinho,


como gato que se perde na noite,


que mostra o brilho do seu olhar matreiro e sabido,


a magia do seu mistério,


o seu império....


na seda do seu pelo vem o toque,


como um simples e belo acorde,


no miar o seu chamar,


na agilidade a vontade,


de ser gato pardo na noite...


um milésimo de segundo,


perdido e achado no mundo....

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009



como um artista que grava na pedra,

deixaste a tua marca no tempo que passa...

marca essa que não há mais quem a faça,

como o vento que molda aquela duna,

a mesma em que fui apenas tua...

a mesma que tudo contrói e cria os seus enredos,

onde se podem enfrentar todos os medos,

maldades e verdades, assim como as nossas vontades,

receios e arrepios, fortes como os calafrios,

onde a nossa lua

foi testemunha fidedigna da nossa loucura,

bafejou-nos com a sua imensa doçura,

iluminou os nossos impetos,

abençoou o nosso momento...

como água na lua, ar no vento,

assim ficou o sentimento...

ao relento, sedento...á espera de ti....

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009



um espelho...


uma face que não se reconhece


na imagem que transporta...


na alma esconde-se uma porta


que o espelho não mostra....


o espelho reconhece o sorriso


mas não adivinha o grito contido...


uma figura própria das idades


mas que se divide em meias verdades,


tantas quantas as vontades...


um espelho...


uma realidade que não corresponde...


uma brisa vinda não sei de onde...


um conceito moldado ao meu jeito...


um espelho...


a falta de um conselho...


em nada a ele me assemelho...


mas é o meu espelho...

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009


o coração aperta...

as palavras falham, os sonhos amargam,

as esperanças são levadas no vento...

as memórias mostram-se um contratempo....

a voz não quer sair, não tem por onde fugir....

uma vontade de procurar

um buraquinho onde me possa aninhar...

o sorriso bem quer nascer, ele teima em aparecer,

mas não tem por onde crescer...

o coração aperta...

a música perde o seu compasso,

o pensamento perde o seu espaço,

a tristeza adquire a sua grandeza...

hoje estou assim, sinto-me assim, sou assim...

cinza espalhada por uma calçada...

pisada e invisivelmente marcada...

amanhã estarei melhor com certeza...

são fases da minha natureza...

pedaços do meu ser...

razões do meu viver...


segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009


palavras que não disse,

raivas que não soltei,

mágoas que acumulei...

batalhas interiores e constantes,

pensamentos futeis e frustrantes,

sentimentos que dei...

extases que não vivi, lugares que não conheci,

pessoas que amei....

um sentimento de impotência,

um acumular de nada,

um gritar de clemência...

porquê?

qual o motivo de toda esta loucura?

deste afogamento que perdura,

desta voz que dói?

um suspiro que não deixei escapar,

um olhar que se perdeu no mar,

uma pobreza de espiríto que não quer largar...

tantas palavras ditas em vão...

lágrimas que caíram no chão...