sábado, 18 de setembro de 2010




Vagueando nas ruas da alma,
tento encontrar os traços, os meus pedaços,
O que fui, o que sou, ou o que serei...
Perco-me nos buracos que começaram pequenos,
Foram aumentando e por dentro estilhaçando,
O que fui, o que sou, o que não serei...

Portas mal fechadas, fechaduras forçadas,
Espaços vazios e inócuos, fugazes barulhos
Que só eu sei ouvir... das portas que não queria abrir..

Percorro os caminhos descalça de sonhos,
Os olhos turvos e cabisbaixos, desprovida de tudo...
Sento-me no chão e procuro onde deixei o que era,
O que fui, o que sou, o que serei...

No silêncio acutilante oiço o meu eco ressoar..
As lágrimas caem salgadas e sozinhas,
Travei batalhas que não as minhas,
As perguntas amontoadas num canto sem resposta
Lembram-me que é chegada a hora,
De desistir... de me deixar ir...


O que fui? O que sou? O que serei?
Apenas de uma coisa eu sei...
Perdi as cores com as quais um dia me pintei...

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Obrigada...

Tentativas frustradas tenho feito, de escrever algo que... me alivie a alma como antes, mas... não saem.
Blog que criei com tanto carinho, alimentei enquanto tive jeito para isso, ou achei que tinha, mas hoje...as palavras não me dizem nada, não em jeito versado pelo menos.
Dou por terminado este canto, ou pelo menos um bom e merecido descanso...Quem sabe um dia não lhe darei vida de novo? Sonhos meus...tantas vezes afoguei mágoas, tantas vezes cantei alegrias, hoje... inércia pura, dormência crua.
A quem me leu, acompanhou, comentou, o meu sincero obrigada, presença que sempre acarinhei como pude.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009


Escrevo... apago... escrevo... deito fora...
Perdi o toque! A vontade! A magia...
O que tinha de mais precioso e meu...
Perdi-o... O que me dava força morreu...

As palavras que me soltavam os sentimentos,
perderam-se nos meus mais negros momentos,
Já não me soam a nada... Nem a Cântico de Fada
ou cantilena de Bruxa que a maldade puxa...

Com a tristeza, amargura, esvai-se a minha cândura...
Mesmo em noites de mar revolto,
Onde afogo o meu maior desgosto,
Já nem as ondas me revelam o brilho das letras...
Até isso fui perdendo... A seu tempo...

É com mágoa que me desfaço em água...
A de não querer, conseguir ou sequer sentir
o que antes adorava... a minha escrita sagrada...
Solidão profunda... A de não as ler como antes...

Rimas sempre as fiz, coordenar as palavras também...
Mas sempre com alma! A que agora me falta!
Os gritos que elas abafaram e que nunca os dei,
As desilusões que nunca contei,
Os sonhos que com elas pintei,
Os pesadelos com quem elas assustei,
Os mundos que escondi e a elas dei...
Todas elas estão vazias... ôcas... perdidas... môcas...

"Once there was light in my life,
Now there's only love in the dark...
Nothing i can say...
A total eclipse of the dark..."

domingo, 25 de outubro de 2009

Metamorfose...


Abro os olhos e deparo-me com as diferenças...
As que marcam as minhas presenças...
Traços que outrora escondera, abafara
por medo da esfera não assentada...

Impulsividade, talvez a palavra que melhor me defina...
Volatilidade, algo com que se escreve a minha sina...
Sensibilidade, a que crava a minha cruz...
Inconstância, o terrivel guia que me produz...

De larva a borboleta? Ou de borboleta a larva?
Um acordar que negava ao fio da navalha...
Para mim um libertar... Aos outros um estranhar...
Um casulo que se abre... Uma nova pessoa que nasce...

Alma cravada e gravada em espinhos afiados,
Os que nunca dei a picar mas com os quais me feri,
Rosas que revelei em dias de calor, os que criei por amor,
Hoje esmagam-se em pegadas minhas... as que não pedi...

Mudança... A que se adivinha... Sinto-a aproximar...
Desejo-a, no meu ser se instala... Deixo-a se entranhar...
Como duna que se forma ao sabor do vento...
Como chuva que cai na bruma feita a meu tempo...

Metamorfose... A minha...
Quem serei eu um dia?
Não sei, mas apenas de uma coisa eu saberei...
Serei eu e mais ninguém...




quinta-feira, 8 de outubro de 2009


Farta...
De falinhas mansas, plumas brancas,
De ver bolinhas de sabão coloridas,
Onde as cores garridas
Escondem as cóleras sentidas!

Farta...
Do lado bonzinho, apelativo....
O que o altruismo traz como boa fortuna...
Sede.... de o que o sangue pede,
A misericórdia que a vida não me cede,
A de cair na pura loucura!

Farta...
De complacências, de ternas existências....
De nada me tem servido!
Os valores que guardo, ultrapassados,
Na pele a ferro e fogo marcados,
Darão-me quando morrer o além prometido?

Farta....
De ser o ombro amigo, o olhar escondido,
Que se tira do armário quando é preciso!
Vontade... de ser o que devia!!!!
A raiva contida, a acidez merecida,
O que a natureza me fermenta a gosto e devia!!!!

Farta... do estado sóbrio da vida..
O que aos outros serve como conforto,
Mas que a mim não serve agora de consolo...
Farta... do meu lado calmo, complacente,
O que me adormece e torna dormente...

Farta... de sonhos!
Sôfrega.... de pesadelos!
Os por mim causados, em noites de flagelos...
Os por mim provocados, em teias de novelos...
O que vale é que as minhas palavras de nadam valem...
E que para sempre elas se calem...

sábado, 3 de outubro de 2009

Queda


Folha de Outono que cai...
Brisa que a pele alisa em jeito brando...
Como se entoasse um doce e venenoso canto...
O que na Natureza se produz, não retrai...


Ténue, frágil, quase sem se dar por isso
assim ela cai e se quebra o seu feitiço...
Sózinha, desprovida de espólios ou bagagens,
Assim vai observando as suas margens...


Olhos cerrados na sua viagem, vidrados
e cansados, parcos na sua coragem...
Vão soltando como que gotas de orvalho,
Fruto da sua luta, cansaço, infrutifero trabalho...


Uma entre tantas folhas de Outono, apenas vai caindo,
Abraçou o sol, sorriu perante um beijo dado por baixo de si,
Vibrou com veemência na luz que incidiu sobre si,
As cores foi perdendo e do seu útero foi saindo...


Queda vertiginosa, de todo saborosa,
mas necessária ao equilibrio...O que lhe é exigido...
Jaz no chão,pintada em tons de solidão...
Prostada num canto qualquer, o que ninguém quer...


Agradeçeu a dádiva, foi importante...
Mesmo que não se tenha dado como notada...
Fez parte do circulo, teve o seu tempo, viveu...
Folha de Outono que nasceu vibrante...
Pela vida cuidada, abraçada e assim permaneceu encantada...
Mas o seu tempo chegou, e como uma pluma desfaleceu...




domingo, 20 de setembro de 2009


Caminho... descalça...
Sinto os grãos de areia por baixo de mim....
Sem rumo... Perdida no mundo...
Caminho... Por estradas sem fim...

Tento apagar os rastos deixados,
escritos a sangue e lágrimas,na alma gravados,
Tento assim ser outra pessoa...
Talvez assim o mundo em mim menos doa...

Caminho... descalça... desprovida...
de alma, de pensamento, de sentimento...
Sorrio ao sol, abraço a lua, olho a estranha rua
que deixei para trás... Nela nada mais me apraz...

Caminho pensativa... Peso a minha vida...
O que dou... o que recebo... O que faço... O que mereço...
Sinto a brisa no rosto... Abraça-me o corpo...
Como se de cristal fosse... Leve... Belo... Doce...
Caminho... Sem saber bem por onde..
Apenas sei que tenho de o fazer...
O sopro que trago na vida não se esconde...
Algo o leva a prosseguir,mesmo sem o querer...

Tal como as letras que escrevo, sem rascunho...
Sem borrachas para emendar, com erros que elas tenham,
sem as querer apagar ou reparar,são o que sou...
Folhas ao vento... Vividas por um momento...

sábado, 5 de setembro de 2009

Estilhaços de mim...


Um parapeito que se revelou perfeito...
Um caminho que se perdeu do destino...
Uma rábula escondida na mais pura fábula...
Um mundo sem fundo...

Rostos que revelam semblantes carregados,
Corpos que se encontram de espinhos cravados,
Almas que pedem presentes sonhados...
Um mar sem ondas por agitar....

Ventos que levantam folhas,apagam as escolhas,
Uma pequena aresta na mais pura esfera....
Subtilezas afogadas pelas ferozes presas,
Um desespero por quem não espera...

Um copo meio cheio? Ou meio vazio?
Prefere-se sempre o lado sombrio...
O mais fácil? Ou o menos trabalhoso? O mais frágil?
Começo a sentir o frio...

Fraquejo a cada queda, nelas me revejo...
As forças abandonam-me e largam o sorriso...
As quimeras que outrora sonhei,delas nada ganhei...
Julguei-me Fénix,bela a renascer das cinzas...
Quantos pecados...Quantas cobardias...

A Soberba...Tinha a certeza...
Que o mundo iria ser meu...
Pecado esse que agora morreu...

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Sou vida...a tua...a minha...

Estás seguro? Tens a certeza?
Vamos sentir a força da Natureza...Pronto anjo?
Junta as tuas asas ás minhas,cubro-te no meu manto,
Não vou esquecer nenhum canto!
Queres ver como sou?O que sou?
Sou movimento, a destreza do vento,
A força do mar, o que nunca vai parar....
Sou pensamento, liberdade, o fundamento, a verdade,
O sabor da vida,a que dá a tantos alegria...

Serei eu isso tudo? Ou criatura do mundo?
Os dois! Ontem, hoje,agora e depois...
Serva do mundo,do escravo, da rosa e do cravo,
O que na carne se entranha...Sou quem foi e quem venha,
Sou tapete sem comando,ao mundo me dou e dele venho...


Sou o que sinto,nele me perco e dele me pinto,
de cores que só eu vejo,as de imortal!
Velozes na mente,quentes no presente,
Presa por convenções, tiranos ou patrões,
mas livre no pensar! E como é bom voar...

Sou letras que estrapolam o que outros enrolam,
Vontade, sorriso,o de que o mundo é feito,
Sou qualidade versus defeito,
Sou livre...em pensamento..em viagem...
No meu tapete sou a pura miragem,
Sou dança,sou mulher, sou criança,
Sou gota de água que se perde na tua mágoa....
As que guardo para mim e não partilho,
Sou anjinho sem direito ao seu caminho...

Sou névoa que se esconde trémula,
Carência num mundo de complacência,
Sou ar... Puro, invisivel,posso flutuar, imprevisivel,
Sou fruto do meu mundo....O que eu mesma cultivo,
Nele tudo brilha,tudo tem a sua conquista e partilha,
Aqui posso, neste posso, a fantasia é minha...
Mas vejo que nada tem valor....Que dor...
Mundo de fadas ou de tapetes voadores,
de grandes mestres e imperadores,
de nada servem sem mentores,
Num mundo mudo....Inócuo...Sem cores...

E nisto fico...A eles me confino...Me resigno...
Mais uma vez o meu tapete apenas voa em mim...
Mas quero morrer a ser assim...
Sonhadora de coisas grandes, importantes,
Hoje, num dia normal, onde se mostraram como ficaram,
como a existência os criou, a cruez ditou,
Hoje imagino-os como nunca foram antes...
Antes hoje que ainda as posso sentir
do que o dia que não sei o que vem a seguir....

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Asas velozes...


pego nas minhas asas e faço-me á estrada...
dou à chave e fiel responde...
tal condessa e conde unimo-nos e partimos...
sem sentimentos nem cruzamentos
levamos o sonho ao extremo...
sem paragens por cumprir ou sinais a obstruir,
o sangue leva o comandante...
o acelerador como propulsor, a gasolina a nitroglicerina
e o horizonte a nossa ponte...
a musica dá o mote para norte,
o travão perde a razão e o coração bate forte...
a adrenalina dita a sina, a consciência cede á minha demência
e a energia surge...o tempo urge...
a mesma que me faz ver a estrada como bela cruzada,
a mesma que me tira os limites impostos pela sociedade,
a mesma que me faz dobrar e ser cobarde...
agora não, hoje não, neste momento não!
as curvas assumem as duvidas, as lombas as minhas perdidas contas,
as impostas velocidades, as minhas mentiras camufladas em verdades...
asas que me obedecem no mundo dos que padecem,
penas e plumas que levantam as brumas, cores que me adivinham sabores,
vontades, desejos, verdades, anseios, os que acordada se perdem...
loucuras, delirios, prisões e destinos, esquecidos no pensamento...
Gata borralheira que sobe a carruagem e que não teme a viragem,
Branca de neve que nada teme nem treme,
nem maçã envenenada,nem bruxa malvada,
Espada de Excalibur como trunfo...
Asas que voam, almas que sonham, o céu como destino, a satisfação do tino,
as veias que se revoltam e enchem, as ideias que se juntam e se mexem,
a hora do sonho puro...a luz no escuro...